Saiu nas páginas F6 e F7 do Valor (o PiG (*) cheiroso)
desta quinta-feira revelador debate.
“Luiz Gonzaga Belluzzo e Edmar Bacha analisam o fraco
desempenho do PIB brasileiro: para economistas,
país ficou defasado (sic) do cenário global”.
Belluzzo ajudou a fazer o Plano Cruzado e hoje é da Carta Capital.
Edmar Bacha é um dos arquitetos do Plano Real e hoje trabalha em banco
– como a maioria absoluta dos economistas do Real.
“Nesse momento, a política fiscal é o elemento mais importante
para que as outras políticas possam ser levados a cabo”, diz Belluzzo.
“Está totalmente equivocada essa política de conteúdo nacional.
Vamos produzir aqui todos os componentes de todos os bens ?
É essa concepção ?,” se pergunta Bacha.
Como se sabe, a então ministra Dilma Rousseff e sua assistente
Graça Forster montaram a política de conteúdo nacional da Petrobras,
um dos dínamos da industria brasileira.
(Perceba, amigo navegante, que os tucanos rodam, rodam, rodam,
e esbarram a Petrobrax…)
Como se sabe, um dos últimos atos da campanha presidencial de 2002
foi o Presidente Lula, nos estaleiros da Verolme, em Angra, anunciar
aos trabalhadores que ia rasgar a encomenda tucana de uma
plataforma em Cingapura.
Lula reconstruiu a industria naval brasileira em cima das compras
da Petrobras, e, em três anos, a indústria naval vai empregar
o mesmo número de trabalhadores da indústria automobilística.
(Os tucanos são a favor de criar empregos em Cingapura.)
Belluzzo, em resumo, diz a Bacha que o problema da indústria
brasileira é mais embaixo …
Não se resolve com câmbio, taxa de juros.
O problema é que o Brasil desmanchou as estruturas e instituições
que permitiam a sinergia entre o público e o privado.
(FHC ia fatiar a Petrobrax para facilitar a venda; ia vender o Banco do Brasil,
a Caixa, e transformar o BNDES num banco de investimentos.
Vendeu a ferrovia do Nordeste ao Benjamin Steinbruch por um abatimento
no Imposto de Renda. E o porto de Santos a Daniel Dantas sabe-se lá
como ou por quanto. O Amaury Ribeiro Junior deve esclarecer no Privataria – II)
Bacha prefere soltar o câmbio e a taxa de juros
(quando os bancos ganhariam na “arbitragem”),
sentir a “volatilidade” e ver quem sobrevive do outro lado do tiroteio.
Darwin se sobrepõe, aí, a Adam Smith.
Mas, o tucano Bacha (que nem sempre foi assim, neolibelês
(**) explícito) não tem outro coelho na cartola: a indústria nacional
só tem jeito de se encaixar no sistema global.
Atrelar-se à globalização.
Ou, como diz o patriarca do neolibelismo (**) tupiniquim,
o Fernando Henrique: surfar na globalização.
Belluzzo prefere articular a indústria privada com os investimentos públicos
– e a política fiscal.
Como se fez e faz na Coreia, no Japão, na Alemanha, na China
– e nos Estados Unidos, que devem mais a Alexander Hamilton
do que a todos os Friedmans da vida.
(Recomenda-se a leitura de “Land of Promise”,
de Michael Lind, 2012, Harper Collins,
“uma historia econômica dos Estado Unidos”.)
É a apologia da política de proteção às nascentes manufaturas
americanas, em oposição a Thomas Jefferson e os que pregavam
“a subserviência ao comércio com a Grã-Bretanha”,
ou seja, os tucanos brasileiros de hoje.)
Bacha lembra muito o professor Gudin, que, nos anos 40,
também combateu a construção de uma indústria brasileira – ou
“ o conteúdo nacional”, como diz hoje o professor Bacha.
Onde está Belluzzo hoje, o combate se travava com Roberto Simonsen,
que, exaustivamente, demonstrou que as ideias de Gudin devolveriam
o Brasil à idade da treva.
Como as de Bacha, hoje.
Nos devolveriam a um ponto pior que a treva.
Ao Governo Fernando Henrique !
Roberto Simonsen tinha a companhia de Vargas, que fundou a
indústria brasileira.
Belluzzo, as de Dilma e Lula.
A história sepultou Gudin, que, hoje, é mais conhecido pelas anedotas
do que pelas ideias.
Os tucanos e seus filhotes – como o Eduardo Campriles,
autor de notável carta – não foram capazes de produzir nada de novo.
Vira e mexe e eles querem vender a Petrobras, como fez Aécio Never
no discurso de lançamento de sua derrotada candidatura.
Para eles, o Brasil não tem competência para extrair,
refinar ou vender petróleo.
É melhor se concentrar no tomate.
Na passagem do Governo Figueiredo para o Collor,
bem que Bacha frequentava outros autores.
E era discriminado pelo pensamento hegemônico:
Mario Henrique Simonsen disse, certa vez, ao ansioso blogueiro,
que Bacha escrevia muito bem, falava muito bem,
mas era um economista de segundo time.
O ansioso blogueiro discorda.
Considera Bacha um economista de primeiro time.
Só que ele trocou de liga.
Paulo Henrique Amorim
ESQUERDA CENSURADA

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