Sardenberg derrama lágrimas por Margaret Thatcher
247 - A legião de fãs de Margaret Thatcher na imprensa conservadora brasileira não para de crescer. Aqui, ela tem mais seguidores do que na própria Inglaterra, onde seu legado é amplamente questionado. Hoje, quem derrama lágrimas por ela é Carlos Alberto Sardenberg, do Globo. Leia:
A falta que nos faz uma boa direita - CARLOS ALBERTO SARDENBERG (direita boa é coisa que só existe no ideário da direita)
A gente até se espanta de ver quanto o governo FHC avançou na agenda modernizadora. Mas não terminou o serviço
Vou falar francamente: uma Thatcher, hoje, seria perfeita para o Brasil(para acabar com os avanços dos governos populares de Lula/Dilma). Mas uma Thatcher em grande estilo: líder de partido, ganhando eleições com uma agenda (neo)liberal. Seria bom até para modernizar (hahahaha) a cultura esquerdista amplamente dominante no país. Isso aconteceu na Inglaterra e, nos 80 e 90, em boa parte do mundo, inclusive no Brasil. Precisava acontecer de novo (para acabar de vez com o mundo, como a Thatcher fez com a Inglaterra).
A longa administração conservadora de Margaret Thatcher fez o trabalho, digamos, sujo de demitir funcionários excedentes (pessoas que caíram no desemprego), cortar gastos públicos(com programas sociais), controlar o poder dos sindicatos (para que não cumprissem sua digna função de dar dignidade aos trabalhadores) de empresas estatais (e depois privatizá-las), além de desregulamentar a economia (gerando absurdos que levaram a quebra do sistema e da 'ideologia neoliberal), reformar a legislação trabalhista (para, de novo, prejudicar os trabalhadores) e reduzir a pesada burocracia do Estado.
Depois de um início custoso, com greves e desemprego em alta, funcionou (só pras negas do Gárgula). Com investimentos privados, o país voltou a crescer e gerar emprego e renda. Não por acaso, Thatcher ganhou três eleições seguidas.
Quando veio o desgaste até normal da administração conservadora, o serviço principal estava feito, a quebra do imenso, custoso e já ineficiente Estado do Bem-Estar (eles são assim mesmo,só querem bem estar para si). Aí veio Tony Blair (a bicha de Blair) com a suave conversa do “Novo trabalhismo”: retomada dos investimentos públicos em educação, saúde e segurança, mas em uma economia livre, aberta e competitiva (canalha, rentista e sem o menor respeito pelo ser humano).
Os eleitores foram trocando, conforme a ocasião. Elegeram o Partido Trabalhista no pós-guerra, que instalou o Estado do Bem-Estar, depois fartaram-se dos excessos (bem estar para trabalhadores, a verdadeira fora produtiva, sempre foi tabu para os ricos safados) desse modelo, que estatizava tudo de grande que via pela frente, como disse Churchill, e finalmente entregaram o poder para Thatcher desmontar tudo (inclusive o Estado, como regulador de relaçoes entre trabalho e capital, com prejuízo para o trabalho). E aí devolveram o governo à esquerda, mas uma esquerda reeducada(domesticada, como demonstrou Blair, curvando-se a Bush e sua guerra suja).
Já entre nós, quando o eleitorado comprou a ideia de que era preciso desmontar o Estado excessivo e abrir a economia, porque só produzíamos carroças protegidas, acabou elegendo Fernando Collor, cuja agenda correta para o momento não resistiu ao caixa de PC (e ao ciúme da GROBO, que não queria seu império midiático ameaçado por Collor e sua inciativa de tomar as rédeas da GROBO no Alagoas, criando seu próprio império midiático). E terminou que a agenda (neo)liberal caiu no colo de Fernando Henrique.
FHC não liderou um movimento dentro de seu partido e junto aos aliados para construir uma agenda comum de reformas (nem precisava, seu partido, vendido, corrupto e safado já tinha essa agenda em seu programa). Para dizer francamente, pelo menos no começo, foi tudo no vai da valsa (eles bailam, e nós dançamos). As trapalhadas seguidas de Itamar Franco (como botar FHH de ministro da Fazenda e deixá-lo assinar a nota do real, mesmo quando não era mais ministro) acabaram jogando o Ministério da Fazenda no colo de FHC. Aí valeram a sabedoria e aguda percepção política do professor (traduza-se por canalhice, tibieza, subserviência e desejo de angariar bens para si) , que definiu logo o inimigo imediato — a superinflação (eu pensava que era o povo!!!)— e escalou a equipe certa para atacá-lo.
Então, foi na sequência: para consolidar o combate à inflação, era preciso controlar o déficit das contas públicas, para o que eram necessárias as reformas, incluídas as privatizações. A agenda(neo)liberal se impôs no calor dos acontecimentos (e ao valor dos bens DOADOS).
Daí as dificuldades de implementação. Não foi como na Inglaterra, com propostas bem definidas.. Aqui, FHC, vindo da esquerda (hahahaha, se algum dia foi de esquerda, foi só dentro das cuecas), eleito com base nas novíssimas notas de um real (cretinamente assinadas por ele quando não era mais ministro), precisou construir essa agenda momento a momento (improvisando de maneira incompetente e corrupta). Excetuada a equipe econômica, quase ninguém entre seus colaboradores e seguidores estava preparado para a missão (nem ele mesmo). Tratava-se de uma (z)elite intelectual criada nas ideias socialistas (esses idiotas sempre confundindo socialista, com socialite) e social-democratas, que viu ruir o Muro de Berlim e alcançou o poder em um mundo em que só existia capitalismo (para o mal de todos) — e numa fase de liberalismo à americana ou “thatcherista”.
Além dessa turma, havia os velhos políticos, todos acostumados a viver em torno do Estado, fonte de nomeações, privilégios e bons negócios(todos a roda de FHH esperando as migalhas de sempre, sempre cedidas, em troca de votos). Visto assim, a gente até se espanta de ver quanto o governo FHC avançou na agenda modernizadora (e atrasou a vida do país que quebrou 3 VEZES).
Mas, é claro, não terminou o serviço (graças a Lula). E parte desse serviço (sujo), eis outra peça do destino, ficou para o governo Lula. É a origem de nossos problemas atuais (hahaha, sempre pensei que a origem de nossos problemas fosse a canalhice de uma mídia vendida que mente para o povo), o eleitorado se cansou de uma agenda liberal antes que ela tivesse sido completada (ainda bem que o povo acordou). E elegeu um governo propondo mudar tudo para a esquerda, mas topando com os entraves causados justamente pela não conclusão da agenda liberal.
Daí o Lula do primeiro mandato. Manteve as bases macroeconômicas de FHC e ainda avançou em reformas micro claramente liberais e pró-negócios, sem reestatizações. De certo modo, os dois governos acabaram bem parecidos: construir alianças a meio do caminho para implementar reformas difíceis.
Depois, mais seguro (e amado pelo povo, ao contrário de FHH), Lula parou com as reformas (graças a deus) e começou a voltar para a agenda da velha esquerda estatizante, movimento agora claramente tomado pela presidente Dilma — e com os velhos políticos Estado-dependentes (melhor que os cabeças de mercado, cracudos da política neoliberal).
Tudo considerado, eis o que sempre nos faltou (vergonha na cara, no caso da mírdia): uma boa direita (boa direita é igual a inteligência militar, intelectuais de direita, e democracia estadunidense, só existe na mente dos idiotas), moderna, capaz de ganhar uma eleição com uma agenda (neo)liberal e implementá-la rigorosamente. E depois abrir espaço para uma boa esquerda, também moderna (domesticada e obediente), que se eleja para fazer o seu serviço, que é gastar com educação, saúde e segurança. Mas gastar com eficiência e sem atrapalhar a economia privada (não se mexe com o business).
Um comentário:
O cara ficou muito bem de gárgula! Vocação natural ou comportamento adquirido? rs
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