Desesperado porque sua candidatura segue emborcando, em face dos ataques especulativos que sofre de seus “colegas” concorrentes (Marina Silva, José Serra e do quase candidato Eduardo Campos), nossoAécioP36 resolveu insistir na inexistente quebra da Petrobrás.
Veja sua síntese: “queda brutal no valor de mercado, baixo retorno dos investimentos, descumprimento de metas, aumento dos custos operacionais e administrativos e perda de posição nos rankings internacionais, entre outras mazelas.”
O blog “Petrobrás: Fatos e Dados” já desmentiu cabalmente tal falácia.
E se compararmos a situação da Petrobrás, aos tempos de FHC, com a de hoje, aí seria covardia: mesmo com a queda momentânea de ações em bolsa de valores (em processo de recuperação), a Petrobrás hoje vale 7 ou 8 vezes mais do que em 2002. Comparando os investimentos em 2002 (FHC) e os de 2012 (Dilma), a diferença foi “só” de 446%! Que prosa é essa de Petrobrás quebrada?
Mas o que salta aos olhos de quem trata seriamente o tema é o cinismo, mediado pela desfaçatez, com o que Aécio Neves se pronuncia. Primeiro ele faz um elogio ao sentimento nacionalista que permeou a construção da Petrobrás em 1953. Segundo, ele defende uma “reestatização” da empresa. Cômico, se não fosse trágico.
Usamos aqui o termo cinismo, com o sentido que lhe é atribuído pelo intelectual Vladimir Safatle: como algo que vai além de uma distorção da realidade em relação a princípios morais, tendo como veículo a ironia, para se chegar a uma crítica social contundente. Porém, bem diferente disso, o cinismo contemporâneo, aquele praticado pelos tucanos, procura inverter papéis e discursos, com a única finalidade de escapar à crítica que introduziria seu real programa de governo.
Ou seja, desde quando Aécio Neves estaria preocupado com a genérica privatização da Petrobrás? Portanto, sua divergência seria apenas com a suposta privatização petista, que ele enxerga. Eis porque Aécio critica o que chama de “PTbrás”, para se colocar como o defensor da melhor e mais ampla privatização possível, ainda que não o diga: a alienação de bens e direitos a particulares, sem quaisquer escrúpulos.
Exemplo concreto do que Safatle chama de falência da crítica, antes orientada para a indicação de déficits de adequação entre situações concretas e uma visão de mundo a ser reabilitada.
Para Aécio Neves vale tudo, seja para ganhar as eleições, seja para derrotar o PT, seja para privatizar a Petrobrás.
É por isso que ele se apega ao tal “valor de mercado” (da empresa) que caiu.
Apesar dele ser economista, formado pela PUC-MG, sendo um aluno frequente, pontual e verdadeiro exemplo para seus colegas, vamos desenhar para entimento do senador:
a) Valor de “mercado” refere-se aos preços de ações, que sobem e descem, em função de humores especulativos na economia nacional e internacional.
b) Valor patrimonial é muito mais que preço de ações em bolsa de valores. Comecemos pelo exemplo mais simples: valor contábil é igual a patrimônio líquido. Ambos medidos pela subtração: ativo total contábil menos passivo exigível contábil. Numa prosa mais simples: bens e direitos reais, menos dívidas e pendências.
Ora, a Petrobrás é uma empresa sólida, que atua nas atividades de exploração e produção, comercialização, refino, transporte, petroquímica, distribuição de derivados, gás natural, biocombustíveis e energia elétrica. Tudo isso de forma integrada.
E tem mais de 100 plataformas de produção, 16 refinarias, 30 mil quilômetros em dutos e mais de seis mil postos de combustíveis. Suas reservas provadas estão em torno de 14 bilhões de barris de petróleo, mas a perspectiva é de que esse número, no mínimo, dobre nos próximos anos. Com a descoberta de petróleo e gás na região do pré-sal, o Brasil pode ser o 4º maior produtor de petróleo do mundo em 2030.
Ou seja, a Petrobrás, se estivesse a leilão, não seria vendida por seu efetivo valor patrimonial. Para ter preço de venda “atraente” no mercado, ela tem que ser desvalorizada. Todos os manuais dizem que “para uma empresa ser negociada por um valor menor do que o seu valor contábil deve existir uma expectativa real de ocorrência de prejuízos, a qual absorveria uma parte considerável dos recursos próprios.”
Eis a verdade de AécioP36: é preciso “produzir” uma crise na Petrobrás, desvalorizar suas ações, atrair potenciais compradores internacionais, que por sua vez financiariam sua campanha etc etc etc. Ele está, portanto, tentando produzir uma expectativa real de ocorrência de prejuízos, para viabilizar seus objetivos.
Evidentemente que isso seria possível se não houvesse os números reais de suas potencialidades econômicas. E se não houvesse resistência. Além de seus quase 90 mil funcionários (diretos e indiretos), de seus aposentados e aposentadas e de seus familiares, a Petrobrás tem milhões e milhões de defensores na sociedade. AécioP36arrumou uma confusão maior do que poderia pensar!
Para falar da Petrobrás dos brasileiros, AécioP36 terá de resgatar das profundezas do oceano a plataforma que ele e FHC afundaram.
No Minas Sem CensuraESQUERDA CENSURADA
via Com Texto Livre
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